sábado, 11 de junho de 2011

Chuva, vento, frio.


Enquanto eu vejo a chuva cair impiedosamente lá fora, o banco de um ônibus pela primeira vez me faz sentir confortável... E pela primeira vez também, a chuva não me lembra tristeza, e ao contrário, as vezes eu sou igual a chuva. Muitas pessoas odeiam, mas há pessoas que amam de verdade, pode ser perigosa as vezes, mas é necessária... Acredito que todos tem um pouco de chuva, alguns são chuviscos, e outros tempestade, já eu sou apenas chuva.
Por coincidência, ou talvez propositalmente, começa no rádio uma música que diz " chove chuva, chove, vem lavar essa saudade, leva do meu peito as lembranças que me invadem" , e a chuva me mostra mais um significado, ela veio lavar todas as mágoas que estavam aqui, veio pra levar todas as lembranças ruins e me fazer enxergar tudo como novo agora... E eu vejo, a chuva é tão misteriosa e cheia de significados, gosto de ser a chuva.
Agora a chuva não é mais minha atenção principal,está na hora de descer e  eu estou pensando na blusa masculina que visto, se fosse há alguns anos atrás, eu tiraria, mas agora foda-se o que vão pensar de mim, eu gosto da blusa, ela foi emprestada e me salvou do frio... Se fosse antes, eu me preocuparia com o velho esmalte preto descascado em minhas unhas, mas agora, já não estou nem aí se tenho unhas impecáveis ou se tá tudo fudido! Eu vejo minha própria mudança, estou mais segura. Enfim, eu não queria sair dali, mas era necessário, eu desço e o vento sopra em meu cabelo, escondido por uma touca, aquele vento gelado, como eu amo essa sensação desesperadora de sentir frio, agora além da chuva, eu também sou o vento, desesperador porém magnifico! 
Finalmente estou na frente de casa, e subtamente me vem a lembrança dele, ali esperando eu abrir o portão... abro a porta e jogo a mesma bolsa, no mesmo lugar, me sento no mesmo sofá aonde você estava a um dia atrás, o sofá verde e macio, e me senti feliz por sentir saudade, se sinto é porque foi bom, e me lembro perfeitamente bem da sua voz dizendo que vamos nos ver todos os dias daqui alguns meses, boas lembranças, saudade boa. 
Ok, a nostalgia já passou, vou pra cozinha  e procuro algo pra comer, sopa instantânea, 2 minutos e pronto... 2 minutos que parecem uma eternidade, eu estou tão bem agasalhada, então porque sinto tanto frio assim? Me vêm a cabeça, é o frio interior, viver todos esses relacionamentos vazios e coisas interminadas deixa a gente assim... é. Agora eu também sou o frio.
Depois de tanta reflexão, estou aqui sentada, no twitter sendo obrigada a ouvir piadinhas infames que não têm a menor graça,  ouvindo September do Daughtry, me acalma,  e escrevo, deixando as mensagens ocultas através das linhas, sentindo uma mistura de bem-estar  e tristeza... No final eu a chuva, eu sou o vento e sou o frio, e eu vejo como adoro o inverno ao me comparar com tudo isso.
Quem sabe no verão eu não venha como o calor? Afinal, tudo muda, e eu também sou capaz de mudar.. ora gelo, ora fogo.

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